UM PASSO CONTRA A DEPRESSÃO ( PARTE 2)


Um passo contra a depressão

Pouco interesse pela vida, tristeza, falta de energia - esses sintomas, capazes de atrapalhar a vida de tanta gente, podem ser tratados com eficácia. Não, não estamos falando de um remédio de ponta, mas da caminhada

por Thais Szegö | design Giovanni Tinti e Eder Redder | fotos Beto Hacker


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No Brasil também já foram feitas algumas pesquisas apontando a ação do exercício físico contra a depressão. Uma delas foi apresentada no ano passado pela educadora física e doutora em psicologia Rosa Maria Mesquita, que é professora aposentada da Universidade de São Paulo (USP). Seu trabalho envolveu 47 indivíduos deprimidos, de 18 a 60 anos, que tomavam medicamentos contra a doença. Eles foram divididos em quatro grupos. O primeiro fez caminhadas; o segundo, exercícios de fitness; o terceiro, alongamento; o último continuou sem fazer nada, apenas engolindo os remédios, cumprindo o papel do que os cientistas chamam de grupo controle — ou seja, serviram de parâmetro para a análise dos resultados.
Todos os participantes que se exercitaram — e eles fizeram isso três vezes por semana, por apenas 30 minutos — relataram uma grande diminuição dos sinais depressivos. O sucesso do projeto foi tanto que o Centro de Práticas Esportivas da USP irá oferecer, a partir do dia 31 deste mês, um programa de atividade física como complemento ao tratamento da depressão. "Não vi um efeito melhor das caminhadas, em particular, comparada com outros exercícios", diz ela, francamente. "Mas sou fã da modalidade, por ser a mais democrática."
Falta aos especialistas descobrir com exatidão o que acontece na massa cinzenta quando alguém calça um tênis e sai caminhando (veja o infográfico na página anterior). Por enquanto, apesar de não saberem como, eles só dão a palavra de que os benefícios aparecem. Principalmente — apostam — se o indivíduo aproveitar essas saídas para se relacionar com outras pessoas. "Para um deprimido o mais indicado é caminhar em grupo", opina a psiquiatra Vanessa Maria Torres Junger, que trabalha na Prefeitura de São Paulo e participou do estudo de Rosa Mesquita. "Até porque ele irá se sentir comprometido e terá menos tendência a abandonar a atividade."
Importante: a caminhada não precisa ser praticada todo dia para fazer efeito. Aliás, nem deve. "O organismo necessita de um tempo de repouso para repor as substâncias que foram liberadas durante a prática", diz o fisiologista Raul Santo de Oliveira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Mas, a longo prazo, o funcionamento dos neurônios é alterado permanentemente", garante o neurologista Paulo Bertolucci, da Unifesp. "Depois de quatro a oito semanas as mudanças no estado emocional do deprimido já começam a aparecer", acrescenta. Claro, apesar de todo esse bem-estar, o acompanhamento médico da depressão é insubstituível e os remédios não podem ser abandonados por conta própria. Por falar nisso, mais uma notícia para dar ânimo: "O efeito dos antidepressivos tende a ser potencializado com a caminhada", diz Bertolucci.
IMAGEMTXTPASSO-A-PASSOAlgumas regras são essenciais para o sucesso de um programa antidepressivo
DIA SIM, DIA NÃODê 24 horas de intervalo entre uma caminhada e outra. Essa pausa é essencial para que o corpo consiga se recompor. Mas não fique parado muito tempo além disso. Para que o exercício eleve o astral, deve ser repetido três ou quatro vezes por semana.
POR QUANTO TEMPO?
De 30 a 45 minutos. "A caminhada deve ser, de preferência, contínua", ensina Rosa Mesquita. O fisiologista Raul Santo de Oliveira, porém, não vê problema em fracionar esse período. "Pode funcionar se você fizer três caminhadas de dez minutos", exemplifica.
A INTENSIDADE IDEALA caminhada deve ser moderada. À medida que o condicionamento físico do indivíduo ficar melhor, o ritmo poderá aumentar. Independentemente disso, alguns minutos de alongamento antes e depois das passadas caem bem.
Infográfico Erika Onodera / Produção Alê Ravizza / Cabelo e maquiagem Camilla Moraes (Glloss) / Nike / Annatom

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