COMPULSÃO POR COMPRAR.

Entrevista cedida pela psicóloga Marisa de Abreu  para revista Nova

Compulsão por comprar

Por que o ato de comprar pode se tornar uma compulsão?

Psicóloga: Porque dá prazer. Tudo o que é prazeroso pode se tornar ato compulsivo caso a pessoa seja muito ansiosa e não consiga outra forma de aplacar esta ansiedade. O prazer advindo do ato da compra é uma forma, ineficiente, de trazer paz interior.

Qual é o perfil dessas pessoas compulsivas?

Psicóloga: São pessoas  extremamente ansiosas e com poucos recursos internos (psicologicamente instáveis) para administrar esta ansiedade. A depressão costuma surgir como consequência da compulsão e não como causa. A característica “nervosa” não costuma ter relação direta com o compulsivo, mas pode haver comorbidade, ou seja dois problemas não relacionados que ocorrem juntos.

A compra é uma válvula de escape ou atua como uma questão de status?

Psicóloga: É sempre uma válvula de escape. Caso a mulher tenha em sua vivencia aprendido que status é algo que deva ser buscado sempre ela terá mais facilidade para ter o comportamento compulsivo de comprar , ou seja uma pessoa que também seja muito ansiosa mas não aprendeu em seu meio cultural a dar importância ao status terá outros comportamentos compulsivos – não será compulsiva por compras, talvez seja compulsiva por limpeza por exemplo.

Este tipo de problema é maior entre as mulheres?

Psicóloga: Sim, devido a uma característica cultural as mulheres se entregam mais as compras como forma de suprir necessidades internas. Nossa cultura nos ensina que o homem é quem produz, mas quem providencia o atendimento a família é a mulher e nesta função está incluída o ato de providenciar suprimentos, ou realizar compras.

Como detectar que uma compra que deveria significar um capricho ou mimo se tornou doença?

Psicóloga: Quando a mulher compra muito mais do que seria possível usar ou pagar, isto é quando a compra deixa de ser decidida racionalmente e passa a ser descontrolada.

De que forma essa compulsão interfere na vida social da mulher?

Psicóloga: Ela pode até pensar que está “fazendo bonito” aparecendo sempre com coisas novas, mas a culpa sempre existe e este sentimento incomoda e deturpa o relacionamento com as outras pessoas pois a pessoa passa a usar desculpas esfarrapadas para justificar as compras “estava em liquidação”, “eu precisava”, “as milhas que vou ganhar no cartão de credito compensa fazer esta compra”.

Como lidar com os problemas financeiros que a compulsão por compras acarreta?

Psicóloga: Não há como lidar com os problemas financeiros sem eliminar a compulsão, por mais que a pessoa parcele ou  faça empréstimos não vai adintar nada pois as compras continuarão. O ideal e cessar as compras imediatamente.

De que forma prática é possível reverter este quadro?

Psicóloga: Não adianta cortar o cartão de credito que não for resolvido as questões internas que impulsionam as compras. Esta pessoa deve resolver seus conflitos e carências internas. A psicoterapia na abordagem TCC  - Terapia Cognitiva Comportamental - apresenta resultados excelentes.

Como aceitar e amar a vida que se tem sem se prejudicar financeiramente?

Psicóloga: Reconhecendo que o prazer pode vir ao conquistar uma vida equilibrada com muita felicidade interna, aquela que não se compra na loja e se gasta com o tempo.

Como lidar com a vontade de ter sempre mais?

Psicóloga: identificando de onde vem e de que seria esta vontade – seria uma vontade de ser aceita? . Pode ser que esta pessoa tenha sido muito negligenciada em sua vida e usa as compras para compensar, pode ser que ela tenha dificuldade em fazer amigos a acreditou erroneamente, que se tiver muitos bens seria bem quista socialmente.

É possível substituir caprichos caros por opções mais baratas e satisfazer suas vontades dentro do orçamento que se tem?

Psicóloga: Sim, mas isto só acontecerá quando houver a tão desejada mudança interna, já vi muitos casos onde a compulsiva tentava esta troca por produtos mais baratos e acabava comprado tudo duas vezes, o mais barato e depois a mesma coisa em verão luxuosa.

É considerado ato compulsivo quando:

- O pensamento compulsivo aparece na mente de forma intrusiva – ou seja, mesmo que a pessoa não queira pensar este pensamento invade sua mente.
- A pessoa tenta neutralizar o pensamento mas não consegue
- Ela se entrega ao ato compulsivo para obter alivio, mas este alivio tem curta duração e logo ela precisa se entregar ao ato novamente
- Há alguma fantasia quanto a algum mal que estaria evitando caso se entregue ao ato compulsivo (evitaria que algo ruim aconteça cada vez que repetir o ato compulsivo)
- O ato compulsivo (ex : comprar) causa sofrimento, arrependimento, etc, mas ainda assim a pessoa se sente compelida a repetir.
Quem tem o pé no chão está no meio do caminho – em equilíbrio.
A meu ver as três categorias de compradoras são:
- mulheres que não compram nem o que precisam,
- as que tem os pés no chão e
- as que compram mais do que  precisam.
Todo exagero é disfuncional , se alguém se priva de algumas coisas, passa vontade e não se dá o direito nem de um simples mimo, mesmo que esta compra não abale seu orçamento, também está fora de  equilíbrio.
Quem está sempre poupando mesmo depois de suas metas financeiras serem atingidas  tem sim o direito de desfrutar e gastar um pouco com pequenos ou até grandes luxos conforme a possibilidade de cada um.
A que está no meio do caminho, comete alguns deslizes mas consegue se reequilibrar – só podemos dizer que ela é um ser humano mais que normal, ou seja, não tem a rigidez da perfeição , o mais importante

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