DEPRESSÃO LEVA AO USO DE COCAÍNA.

Cocaína



Também apelidada de "branca", "neve", "coca" ou "pó".
Obtida do processamento das folhas do arbusto da coca, Erythroxylon coca, uma planta nativa dos Andes bolivianos e peruanos.
Em 1860, o alcalóide cocaína foi isolado da planta. Em 1864, um oftalmologista austríaco, Carl Köller, iniciou seu uso médico como um anestésico local; a cocaína foi o primeiro anestésico local (que não induz anestesia geral, ou seja, não provoca o sono) eficaz a ser usado na Medicina. Foi usada principalmente em cirurgia do nariz, garganta e córnea, por ser um bom anestésico tópico (bastava espirrar uma solução sobre a mucosa que ela ficava amortecida) e por ser vasoconstritora (ou seja, provoca o estreitamento dos vasos sangüíneos, diminuindo o sangramento durante a cirurgia). No entanto, eram freqüentes complicações locais (por exemplo, morte da parte anestesiada) e gerais (o paciente ficava intoxicado pela cocaína que absorvia). Hoje em dia, ela foi substituída por anestésicos sintéticos mais eficazes e menos tóxicos, que não têm propriedades psicoativas.
A cocaína vendida no Brasil vem em papéis de pequena quantidade. É uma droga cara. A concentração de cocaína no pó varia muito, sendo que junto com a cocaína em si, várias impurezas e pós inertes (e nem sempre tão inertes...) vêm adicionados para "fazer volume".
Geralmente, a droga é aspirada ou inalada, sendo que absorção se dá para o sangue através da mucosa nasal. Ocasionalmente, a droga é diluída e injetada na veia, o que provoca um efeito imediato e instantâneo (o "pico").
A cocaína é um estimulante do SNC, ou seja, o seu efeito geral é de acelerar corpo e mente. Uma descrição simbólica do efeito da cocaína seria o de ligar um ventilador de 110 V em uma tomada de 220 V.
Segundo os usuários, a cocaína provoca uma sensação de euforia, excitação, um sentimento de bem-estar, uma sensação de poder, de aumento da capacidade mental e física (embora, durante experiências com voluntários, observou-se que ambas estão diminuídas pela intoxicação), de poder.
Freqüentemente usada como "afrodisíaco" (pelo menos, é o que se alega), a cocaína aumenta o desejo sexual, podendo distorcer o mesmo. Não obstante, a impotência sexual é freqüente.
A cocaína aumenta a agressividade do usuário, deixando-o "escamado", "pronto para a briga", com um fraco controle de impulsos homicidas e agressivos. Um dos problemas da cocaína é sua tendência a incitar o usuário a cometer crimes violentos e de cunho sexual durante a intoxicação. Além disso, como a droga é cara, é freqüente o envolvimento do dependente em furtos, prostituição ou estelionato para adquirir a droga.
Complicações psiquiátricas da intoxicação, como agitação, pânico, ansiedade, medo, confusão mental e desorientação, delírios paranóides, alucinações auditivas e visuais, são comuns.
Como a concentração e a pureza da cocaína vendida nas ruas varia, como a capacidade de suportar cocaína varia, e como um dependente ansioso pelo efeito e talvez sob efeito de álcool ou outras drogas não é a pessoa mais indicada para calcular doses, as overdoses são comuns, principalmente no uso intravenoso. As manifestações psiquiátricas são marcantes, bem como o aumento da pressão sangüínea, da freqüência cardíaca, e da temperatura corporal. Convulsões, arritmias cardíacas e parada respiratória são comuns. Até 3/4 dos casos de overdose não atendidos em regime de emergência resultam em óbito.
À medida que o efeito da cocaína passa, vem a "aterrissagem", ou "depressão rebote", ou "rebordosa": ansiedade, tristeza, irritabilidade, inquietude, fadiga (e, por vezes, sonolência), desânimo e sentimentos de solidão e desvalio substituem o "pique" da cocaína. A cocaína "cobra seu preço" pela "felicidade artificial" que proporcionou. O indivíduo é compelido a usar mais da droga, ou a usar outras drogas substitutas.
Com o uso crônico, são freqüentes complicações psiquiátricas: depressão grave com risco de suicídio e psicoses paranóides (o indivíduo delira, achando que todos lhe estão perseguindo e lhe querem mal) são os quadros mais comuns. O uso crônico também provoca atrofia cerebral por morte neuronal, resultando em diminuição crônica e progressiva da memória, do raciocínio, da atenção, da análise e da síntese.
Complicações físicas da intoxicação repetida são comuns, como alterações neurológicas (torpor, anestesias, formigamentos, tonturas, desmaios recorrentes, cefaléia persistente), digestivas (ulcerações, náuseas, vômitos, sangramento digestivo, diarréia) e cardiovasculares (arritmias cardíacas, hipertensão arterial, AVCs ("derrames")).
A perda de peso, a perda de apetite, alimentação irregular e algum grau de desnutrição total ou parcial são a regra, não a exceção.
O uso nasal crônico provoca corrimento nasal e obstrução por irritação da mucosa. Como a cocaína é anestésica, freqüentemente o doente não sentem dor durante o uso, mas qualquer dose de cocaína provoca irritação da mucosa do nariz. Como é vasoconstritora, cortando o fornecimento de sangue ao local, ulcerações nasais, perfuração do septo e destruição das cartilagens nasais não são infreqüentes.
O uso endovenoso está relacionado ao risco de infecções transmissíveis pelo sangue, principalmente o HIV e as hepatites B, C, e delta. Existem programas de distribuição gratuita de seringas descartáveis, mas o preço da seringa não é a causa maior do compartilhamento de seringas, e sim o temor de que a droga cara seja desperdiçada ao descartar a seringa.
Injetando freqüentemente uma droga em suas veias cuja esterilidade é questionável e usando uma técnica freqüentemente nada perfeita, o usuário tende a injetar microorganismos em seu tecido subcutâneo e em suas veias. Infecções, abcessos e ulcerações nos locais de injeção são freqüentes. Há sempre o risco de tromboflebite (o sangue dentro da veia coagula, havendo inflamação; as bactérias presentes infeccionam a veia); de trombose (o sangue dentro da veia coagula); de embolia (um êmbolo, por exemplo, um fragmento de sangue coagulado ou uma bolha de ar, se solta na corrente sangüínea, "encalhando" em algum lugar e provocando infarto, por exemplo, pulmonar). Um risco de vida adicional é a endocardite infecciosa: as válvulas do coração capturarem algum microorganismo da corrente sangüínea, e infeccionarem; a condição é potencialmente ameaçadora à vida e de tratamento longo e difícil.
A cocaína provoca dependência física e psicológica rápida e profundamente. Diferente da maconha, "que precisa ser perseguida, cortejada e seduzida", a cocaína "persegue e seduz" o usuário. O tempo e o número de usos necessário para que se instale tolerância e dependência variam de pessoa a pessoa, mas tendem a não serem grandes.
A abstinência de cocaína provoca um série de reações psicológicas desagradáveis, em tudo semelhantes à "aterissagem", mas não chega a por a vida do doente em risco. Os sintomas atingem um máximo do 2° ao 4° dia, e esvanecem ao cabo de uma semana, embora depressão, irritabilidade e ansiedade possam persistir por algumas semanas. A "fissura", ou desejo severo pela droga, diminui de freqüência e intensidade após o primeiro mês, mas pode reaparecer, mais amena, até meses depois. Existem medicamentos não indutores de dependência que podem ajudar o dependente nas primeiras semanas de abstinência. Períodos de depressão são uma constante no dependente em recuperação, principalmente durante os primeiros 6 meses de recuperação, mas são auto-limitados e devem ser encarados de forma positiva. Se graves, algum antidepressivo escolhido por psiquiatra pode ser eficaz, desde que o paciente não esteja usando nenhuma droga, caso em que qualquer medicamento é ineficaz.

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