ELETRICIDADE CONTRA A DEPRESSÃO
Eletricidade contra a depressão

Combater a depressão não é simples porque os tratamentos disponíveis medicamentos e, nos casos mais graves, choques elétricos nem sempre funcionam com todos os pacientes. Com a EMT, os médicos têm conseguido tratar pacientes que não reagem aos remédios e reduzir o tempo de tratamento de pessoas com níveis de depressão mais leves. Não debilitar o paciente nem apresentar efeitos colaterais são vantagens da técnica. Nos Estados Unidos, a EMT tem sido utilizada em centros de pesquisa, universidades e hospitais e os resultados são animadores. Em São Paulo, os médicos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas também a usam de forma experimental. Em boa parte dos casos, quando combinada com medicamentos antidepressivos, ela reduz o tempo de recuperação dos pacientes de depressão em até 35%.
O cérebro é um órgão cujo funcionamento envolve processos químicos e elétricos. Enquanto os remédios agem na parte química, a EMT atua diretamente nos sinais elétricos usados na comunicação entre os neurônios. Por meio de pulsos magnéticos liberados de modo alternado em frações de segundo, o aparelho induz uma corrente elétrica entre o córtex pré frontal, ligado às funções de raciocínio, e o sistema límbico, no qual se processam as emoções. Estudos anteriores, feitos com ressonância magnética, demonstram que os neurônios dessas regiões apresentam baixa atividade nas pessoas que sofrem de depressão. É como se a EMT ajudasse a ativar uma parte do cérebro que está falhando em função da depressão, diz o psiquiatra Marco Antonio Marcolin, coordenador das pesquisas no Instituto de Psiquiatria. Um paciente do Hospital das Clínicas, que prefere não ser identificado, diz que os remédios antidepressão o deixavam relativamente bem, mas com a sensação de viver com o freio de mão sempre puxado. Depois do tratamento com a EMT, ele pôde reduzir a dose de antidepressivos, que continua a tomar com regularidade.
A técnica de estimulação magnética permite que correntes elétricas sejam introduzidas também em outras regiões do cérebro. Por isso, os médicos têm experimentado seu potencial para tratar outros tipos de distúrbios e doenças. Na Universidade Wayne de Detroit, nos Estados Unidos, já foram obtidos resultados promissores no tratamento de vítimas de derrame com perda parcial da capacidade de fala. Na experiência, os médicos primeiro utilizaram a ressonância magnética para determinar as áreas lesionadas do cérebro. Depois, elaboraram um programa de sessões de EMT para estimular regiões cerebrais que acreditavam estarem tentando assumir as funções das partes afetadas, acelerando a recuperação do paciente. Numa abordagem diferente, os médicos da Escola de Medicina de Harvard estão utilizando o mesmo método para desbloquear os circuitos neurais apenas parcialmente afetados pelo derrame, mas que o cérebro tenta desligar, como se estivessem completamente destruídos. Embora as pesquisas com estimulação magnética estejam em fase inicial, os pesquisadores não escondem o entusiasmo quando falam sobre suas possibilidades no tratamento dos males de um órgão tão complexo como o cérebro. Se os estudos continuarem nesse ritmo, os pacientes depressivos podem ser os primeiros a usufruir em larga escala a nova técnica.
Fonte: Veja on-line
http://veja.abril.com.br/211205/p_088.html
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